Quando os primeiros casos de COVID-19 foram confirmados na China, no fim de dezembro do ano passado, o mundo não sabia o impacto que a doença traria para a economia. O
impacto veio, e o setor da moda não ficou de fora.
Além da China ter um dos mercados consumidores mais importantes do mundo (segundo estimativa da consultoria McKinsey & Company, será sozinha responsável por 40% do consumo de bens de luxo até 2025), o país também é o maior produtor de produtos têxteis do mundo. Com a pandemia, logo, o fluxo de turismo de compras, as compras locais de marcas de luxo e manufaturas de produtos de moda diminuiu drasticamente, o que teve impactos globais.
Fashion weeks e desfiles
Não demorou muito para a crise chegar na Europa. A semana de moda de Milão, que
ocorreu entre os dias 19 e 24 de fevereiro, teve o desfile de Giorgio Armani apresentado
num teatro vazio. Em Paris, tudo ocorreu normalmente, ou quase, já que o tradicional
"meet and greet" organizado por Miuccia Prada após o desfile da Miu Miu não ocorreu
nessa temporada. Outra mudança sutil mas significativa foi a mudança do cumprimento -
beijinhos da bochecha e aperto de mão estão em baixa.
Os desfiles das coleções Cruise, que representam um grande evento de marketing para as
marcas, foram todos cancelados. Gucci em São Francisco, Hermès em Londres, Prada no
Japão, Ralph Lauren em Nova Iorque e Versace nos Estados Unidos (em local ainda
secreto). Chanel também não trará seu tradicional desfile de Métiers d'art para Pequim
como planejado.
Vida em stand by
A Itália está em quarentena, e todos os negócios que não são supermercados, farmácias ou
bancos devem estar fechados. Conversando com meus amigos que trabalham para marcas
italianas no Brasil, a história é única: estão todos paralisados, assim como o mercado
italiano.
Grandes eventos também tiveram sua onda de cancelamento ou adiamento, já que são
ótimas oportunidades para contaminação em massa. Desde o festival de inovação SXSW, o
Coachella e congressos de todos os tipos, a regra atual é evitar grandes aglomerações. O
Met Gala, um dos principais eventos da moda mundial, está, de acordo com assessoria do
museu "sob análise".
Lucro com as adversidades
Ao mesmo tempo em que lojas e centros comerciais se encontram vazios, as compras pela
internet viram um aumento exponencial. De acordo com a plataforma de análise do varejo Quantum Metrics, a quantidade gasta em e-commerce nos Estados Unidos aumentou 52%
entre 27 de janeiro e 23 de fevereiro.
Estando em casa o tempo todo, ninguém pensa em comprar vestidos de festa ou gastar
muito em um sapato, mas isso não quer dizer que ninguém compra nada. O site The Cut fez
uma lista de produtos úteis para a quarentena e seus respectivos sites - moletons, cobertores, pantufas, aspiradores de pó faziam parte da lista. Tudo para passar pelo
período de isolamento da forma mais confortável e higiênica possível.
Respeito acima de tudo
Por fim, vale lembrar: apesar dessa versão do vírus ter se originado na China, ele não tem
passaporte, como declarou o presidente da França Emmanuel Macron. Em pleno 2020, em
que o mundo está globalizado de uma forma nunca antes vista, é irracional pensar que um
vírus com tal capacidade contagiosa não se espalharia pelo mundo. Portanto, a pandemia
não é desculpa para xenofobia.
Enquanto acompanhamos o andar da carruagem, nos resta manter a calma e seguir as
orientações. Troque o pânico pela responsabilidade: lave as mãos, evite grandes
aglomerações e contato com pessoas que estão nos grupos de risco (idosos, pessoas com
diabete e/ou hipertensão, pessoas com doenças imunossupressoras). A economia mundial
vêm sofrendo e sofrerá ainda mais, mas vai se recuperar. E nós, se agirmos todos
corretamente e coletivamente, vamos passar por essa o mais rápido possível, mais fortes e
mais conscientes.
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