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Uma análise sobre o impacto do coronavírus na indústria da moda

Atualizado: 2 de abr. de 2020




Quando os primeiros casos de COVID-19 foram confirmados na China, no fim de dezembro do ano passado, o mundo não sabia o impacto que a doença traria para a economia. O

impacto veio, e o setor da moda não ficou de fora.


Além da China ter um dos mercados consumidores mais importantes do mundo (segundo estimativa da consultoria McKinsey & Company, será sozinha responsável por 40% do consumo de bens de luxo até 2025), o país também é o maior produtor de produtos têxteis do mundo. Com a pandemia, logo, o fluxo de turismo de compras, as compras locais de marcas de luxo e manufaturas de produtos de moda diminuiu drasticamente, o que teve impactos globais.


Fashion weeks e desfiles


Não demorou muito para a crise chegar na Europa. A semana de moda de Milão, que

ocorreu entre os dias 19 e 24 de fevereiro, teve o desfile de Giorgio Armani apresentado

num teatro vazio. Em Paris, tudo ocorreu normalmente, ou quase, já que o tradicional

"meet and greet" organizado por Miuccia Prada após o desfile da Miu Miu não ocorreu

nessa temporada. Outra mudança sutil mas significativa foi a mudança do cumprimento -

beijinhos da bochecha e aperto de mão estão em baixa.


Os desfiles das coleções Cruise, que representam um grande evento de marketing para as

marcas, foram todos cancelados. Gucci em São Francisco, Hermès em Londres, Prada no

Japão, Ralph Lauren em Nova Iorque e Versace nos Estados Unidos (em local ainda

secreto). Chanel também não trará seu tradicional desfile de Métiers d'art para Pequim

como planejado.


Vida em stand by


A Itália está em quarentena, e todos os negócios que não são supermercados, farmácias ou

bancos devem estar fechados. Conversando com meus amigos que trabalham para marcas

italianas no Brasil, a história é única: estão todos paralisados, assim como o mercado

italiano.


Grandes eventos também tiveram sua onda de cancelamento ou adiamento, já que são

ótimas oportunidades para contaminação em massa. Desde o festival de inovação SXSW, o

Coachella e congressos de todos os tipos, a regra atual é evitar grandes aglomerações. O

Met Gala, um dos principais eventos da moda mundial, está, de acordo com assessoria do

museu "sob análise".


Lucro com as adversidades


Ao mesmo tempo em que lojas e centros comerciais se encontram vazios, as compras pela

internet viram um aumento exponencial. De acordo com a plataforma de análise do varejo Quantum Metrics, a quantidade gasta em e-commerce nos Estados Unidos aumentou 52%

entre 27 de janeiro e 23 de fevereiro.


Estando em casa o tempo todo, ninguém pensa em comprar vestidos de festa ou gastar

muito em um sapato, mas isso não quer dizer que ninguém compra nada. O site The Cut fez

uma lista de produtos úteis para a quarentena e seus respectivos sites - moletons, cobertores, pantufas, aspiradores de pó faziam parte da lista. Tudo para passar pelo

período de isolamento da forma mais confortável e higiênica possível.


Respeito acima de tudo


Por fim, vale lembrar: apesar dessa versão do vírus ter se originado na China, ele não tem

passaporte, como declarou o presidente da França Emmanuel Macron. Em pleno 2020, em

que o mundo está globalizado de uma forma nunca antes vista, é irracional pensar que um

vírus com tal capacidade contagiosa não se espalharia pelo mundo. Portanto, a pandemia

não é desculpa para xenofobia.


Enquanto acompanhamos o andar da carruagem, nos resta manter a calma e seguir as

orientações. Troque o pânico pela responsabilidade: lave as mãos, evite grandes

aglomerações e contato com pessoas que estão nos grupos de risco (idosos, pessoas com

diabete e/ou hipertensão, pessoas com doenças imunossupressoras). A economia mundial

vêm sofrendo e sofrerá ainda mais, mas vai se recuperar. E nós, se agirmos todos

corretamente e coletivamente, vamos passar por essa o mais rápido possível, mais fortes e

mais conscientes.



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