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Para a moda, e agora?


Quando se trata da pandemia que o mundo vive, um mar de incertezas vem à tona. Não sabemos quando toda essa loucura irá acabar, mas uma coisa é certa: nada será como antes. O mundo da moda já entendeu esse fato, e vem apresentando mudanças a passos largos. Mudanças essas que já vinham acontecendo lentamente, mas que foram catalisadas pelas reviravoltas que a pandemia causou.


A boa notícia é que vivemos em uma era on-line, e a internet já a fazia parte da logística de muitas empresas. A partir de agora, ela toma uma importância ainda maior, sendo a responsável pela sobrevivência de tantas marcas ao representar não só a principal plataforma de vendas, mas também o canal de apresentação das coleções e de comunicação com o cliente final.


A Saint Laurent, por exemplo, já avisou que não participará da próxima Paris Fashion Week, marcada para em setembro. No lugar do desfile tradicional entra uma apresentação on-line que não necessariamente respeitará o tradicional calendário de estações da moda. A declaração, de que a marca iria “lançar suas coleções seguindo um plano concebido de acordo com a perspectiva atual, motivada pela criatividade”, foi precedida pelo anúncio do British Fashion Council de que a próxima London Fashion Week será inteiramente on-line e gender neutral (sem distinção do feminino e masculino). A fashion week masculina de Paris e a Semana de Moda de Milão – que ocorrerá excepcionalmente em julho – também serão apresentadas em formato digital.


Giorgio Armani – que no início da pandemia no ocidente foi pioneiro e realizou seu desfile em formato digital – nos convida, em uma carta publicada pela WWD, a refletir sobre o formato das apresentações das coleções. “A emergência atual, por outro lado, mostra que uma desaceleração cuidadosa e inteligente é a única saída”, afirma. Contra o calendário da moda vigente, que traz às lojas roupas de inverno no verão e vice-versa, ele anunciou que sua coleção de verão ficará nas suas lojas até setembro, o fim da estação mais quente no hemisfério norte. Armani também criticou os grandes shows montados pelas marcas para apresentar coleções, que chamou de “desperdício de dinheiro sem sentido”.

Mas, vale ressaltar, o crescimento das operações on-line e as mudanças de calendário não são as únicas mudanças no mundo da moda catalisada pela crise do Coronavírus. Como o Sr. Armani apontou, espetáculos e ostentação não têm nada a ver com os tempos modernos. Se a nova geração já procurava por marcas com propósito e rejeitava aquelas que não trazem nenhum tipo de identificação com o consumidor – vendendo um mundo irreal e alienado, por exemplo – as marcas que continuarem a agir como antigamente parecerão alienígenas.


Outra mudança que parece que veio para ficar é o uso de máscaras. Com grande parte das marcas de moda dedicando parte da sua capacidade produtiva para a produção de delas, resta saber se, quando a pandemia passar, o item será comercializado com variações de cor, estampa ou adornos, como é já é comum em grandes centros urbanos na Ásia.

No Brasil, a ABEST (Associação Brasileira de Estilistas) anunciou mudanças nos calendários de vendas do atacado e do varejo. Estilistas e showrooms de todo o país se uniram para se adequar aos novos tempos e tentar proteger a indústria da moda brasileira.

Como todos os setores, o mundo da moda tenta se adaptar a tempos extremos, e muitos dos novos comportamentos farão parte da nossa rotina no futuro. Alessandro Michele afirmou para a T Magazine: “Espero que nunca voltemos para aquele ‘normal’. Porque a vida que vivíamos antes tem sido assustadoramente insustentável. Então sim, vamos voltar à vida. Mas, espero, uma vida diferente.”

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