Kendrick Lamar é o novo rosto da Chanel Eyewear — e o silêncio diz tudo

Sem dizer uma única palavra, Kendrick Lamar entregou uma das campanhas mais poderosas da Chanel nos últimos tempos. O rapper — conhecido tanto pela genialidade lírica quanto pelo domínio visual — estrela a nova campanha de eyewear da maison francesa, revelada com exclusividade pela Business of Fashion. Em um momento em que o luxo busca narrativas mais sutis e significativas, Chanel aposta na força da presença.

​Rapper norte-americano estrelou campanha de óculos da grife francesa

Kendrick Lamar nunca foi apenas um músico. Com sua postura discreta e estética precisa, ele construiu uma imagem que transcende o rap. Seus videoclipes, aparições públicas e colaborações no mundo da moda sempre comunicam com rigor editorial. Não é surpresa que a Chanel tenha visto nele não só um rosto, mas uma ideia: a sofisticação silenciosa com impacto cultural profundo.

Fotografada com atmosfera minimalista e paleta neutra, a campanha de eyewear da Chanel não grita — ela sussurra com autoridade. Kendrick aparece usando óculos escuros em linhas geométricas, com cortes de alfaiataria refinada e iluminação suave, evocando o poder do understatement. Nada é óbvio, tudo é simbólico. Uma campanha que parece feita para ser lida com tempo, como uma boa letra de rap.

A escolha de Kendrick reforça a guinada da Chanel para um novo discurso de masculinidade no luxo. Não se trata de ostentação, mas de presença. A elegância contemporânea, segundo essa leitura da maison, se faz no gesto contido, no silêncio vestido de atitude, na ausência de ruído. Um luxo que não precisa convencer — apenas existir.

A campanha ainda marca um momento-chave da intersecção entre moda e cultura urbana. Kendrick, um nome que nasceu nas ruas de Compton, agora representa a grife mais tradicional de Paris. Mas em vez de se render ao código da maison, ele transforma a campanha em uma troca — onde Chanel também se reinventa. O encontro entre o streetwear e o savoir-faire nunca foi tão maduro.

Arnold Jerocki/Getty Images

Entre óculos escuros e códigos visuais sutis, Kendrick Lamar mostra que não é preciso falar para deixar sua marca. E Chanel prova, mais uma vez, que o futuro do luxo é feito de conexões improváveis — mas absolutamente precisas.

Donata Meirelles é consultora de estilo, atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.