Além do Y2K: O que vem depois da febre dos anos 2000?

Foi divertido enquanto durou — e, sejamos honestos, o Y2K foi muito além de uma simples onda de nostalgia. A estética dos anos 2000, com seus tons metálicos, tecidos sintéticos, mini bags e calças de cintura baixa, dominou tanto a passarela quanto as ruas nos últimos anos. Mas, como toda tendência de revival, o ciclo natural da moda pede renovação. Então, o que vem agora que o Y2K começa a perder força?

Assim como a Gucci sinalizou sua nova era com uma "limpeza de paladar" estilística, o fim do Y2K vem acompanhado de uma mudança de atitude na moda. O brilho das peças futuristas cede espaço a uma sofisticação mais contida, porém não menos impactante. Pense em minimalismo com uma pitada de maximalismo estratégico: alfaiataria desestruturada, silhuetas amplas e tons neutros ganham protagonismo. O couro, agora em cortes mais relaxados, e as texturas em veludo e lã bouclé apontam para um inverno de conforto tátil.

Em contraste com a logomania exagerada que marcou o Y2K, o pós-Y2K resgata o luxo discreto — aquele que sussurra em vez de gritar. As referências à estética dos anos 90 e início dos 2000 permanecem, mas de forma mais refinada. Os tons de cinza, marrom e verde musgo criam uma paleta urbana, enquanto o couro croco e o brilho sutil do cetim fazem o contraponto perfeito.

O pós-Y2K não é sobre rejeitar o passado, mas sobre reinterpretá-lo com um olhar mais maduro. A moda volta a valorizar o design e a qualidade, equilibrando ousadia e sobriedade. E enquanto o ciclo de tendências segue girando, a próxima grande inspiração já está ali — na interseção entre memória e reinvenção.

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.